-Você está bem?- disse o homem.
-Eu caí quando tentava chegar ao jardim. Caí e estou triste, acho que vou desistir de ir para lá. - disse a criança chorando.
O homem olhou penalizado e com doçura disse:
-Meu bem, um dia, há muito tempo, eu também caí ao buscar o jardim.
Caí, e não mais me levantei, eu desisti. Desisti do motivo maior que me impulsionava.
A chama que havia em meu peito gritava: "Vá, acredite!" Mas eu não fui. Caí e desisti. Abandonei o que minha alma tanto buscava.
Sofri e aprendi.
Ouça: Ali na frente, você vê um jardim. Você sente que é lá que você prefere estar.
Uma voz dentro de você diz: "Seja, vá, acredite!"
Mas, lembre-se filha, sempre haverá pedras em seu caminho.
A criança, mais calma, olhou para o homem e perguntou:
-Por que as pedras? O caminho não poderia estar livre?
O homem olhou nos olhos da criança, um olhar tão sincero e sereno que a criança sentiu-se amparada e protegida, então o homem falou:
-Todos podem chegar ao jardim. Todos. Mas as flores são sensíveis e delicadas. Por isso precisam ser protegidas de pessoas despreparadas que poderiam destruí-las.
A natureza colocou pedras no caminho para permitir que só aqueles que tiverem a sensibilidade de entender que as pedras não foram feitas para impedir a chegada, mas para serem contornadas, cheguem até lá!
A criança enxugou as lágrimas, levantou-se e continuou em busca do jardim.
(Eliane de Araujoh)
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