Relógio

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Homenagem as mulheres de cabelos cacheados e peitinhos deliciosamente caídos




Nós seres humanos, somos facilmente escravizados. Somos facinhos, nos rendemos a quaisquer ideias com mais de 10 likes no Facebook, gastamos nosso dinheiro atualizando o guarda-roupa pra que ele não deixe de ter aquela peça que mostra pra todo mundo o quanto “cool” nós somos, votamos no candidato que tem mais tempo no horário eleitoral porque é difícil demais pesquisar a vida daquele outro que só tem direito a míseros 3 minutos de fala, gastamos o que não temos comprando coisas pra impressionar pessoas das quais nem gostamos. Sim, somos facilmente manipuláveis, meu amigo. Toda essa necessidade de nos enquadrarmos em padrões acabou nos transformando em seres entediantemente iguais.

Quer ver? Aquela mulher peituda de cabelos lisos, de unhas pintada de vermelho pipoca-doce, se equilibrando num salto 15 daquela bota que todo mundo resolveu comprar, te chamou atenção? Ah, vá. E você aí achando que não era previsível.

A bolha de influência invisível e maléfica que nos dita a cada segundo como devemos nos vestir, o que devemos achar bonito, o que deve ser considerado coisa de pobre, o que faz daquele sujeito parecer mais bacana diante de todos os outros, cada dia mais nos transforma em seres que são mais do mesmo. Como numa gigante linha de produção, vemos pessoas-produtos esbanjando padrões como se tivessem sido escolhidos por elas, quando na verdade todas as escolhas foram, dia após dia, sendo injetadas em seus subconscientes que estavam ocupados demais fuçando nas novas atualizações do Facebook pra se darem conta disso. A geração dos zumbis, meus amigos, está mais perto do que você imagina.

Mas nem tudo está perdido.

Eis que quando você já estava perdendo a esperança, ela surge na mesa ao lado. Os cabelos encaracolados castanhos e volumosos. Na pele, nada de sombras azuis, na boca, nem sinal de batom vermelho. Você desce o olhar pra notar os seios, que caberiam na palma de uma mão, delicadamente pesando pra baixo. Não há ferros nem bojos fazendo o crime de impedir que eles dêem aquela leve caída dos deuses. As mãos que viram as páginas do cardápio são inegavelmente femininas – dedos pequenos, revelam uma surpresa em suas pontas – não há esmaltes – nada de cabaret, new york, beijo molhado, preto fosco, verde palmeiras. Nos pés também não se vê aquela pontinha de band-aid denunciando que a escolha da noite passada periodizou a beleza, e não o conforto. Seus pés parecem felizes dentro de um sapato confortável. As roupas, mostram pouco diretamente, mas deixam vários sinais de que o que está por baixo delas é um conjunto inteiro que faz muito mais milagres do que só uma bunda malhada. Ela parece não se importar com padrões porque o que importa nela é ela mesma – e porque sabe que não adianta de nada uma embalagem bonita se o conteúdo não surpreender. Sabe que a vida é curta demais e decidiu gastar seu tempo com coisas que realmente importam. Na verdade, ela está pouco se fodendo pra essa disputa de pessoas vazias em busca de um lado externo perfeito. E, se você quer mesmo saber, ela não dá a mínima se você a acha menos gostosa por isso.



E deixemos claro – quem vos fala não é um invejoso que não tem bom gosto pra estilo e nem tempo/saco pra passar horas na academia em busca de um corpo gostoso. Reconhecemos o valor de estar bem consigo mesmo, mas a discussão que queremos trazer é o quanto queremos estar bem conosco ou o quanto queremos estar bem como o que fomos forçados a acreditar como sendo um padrão ideal. Será que ela realmente ama passar uma hora em frente ao espelho sempre que lava o cabelo tentando eliminar quaisquer sinais de cachos com ajuda da sua velha e fiel companheira, a chapinha? Ou será que faz isso pra seguir um padrão invisível e pra se sentir igual a todo o resto do mundo? Tenho minhas dúvidas.

O lado bom dessa história é que as moças como aquela que descrevemos linhas atrás, passam despercebidas aos olhos daqueles que só enxergam o óbvio. O bitolado por peitos grandes e empinados, nem vai notar a presença dela. É como uma seleção natural – aqueles que conseguem enxergar fora da caixa, acabam encontrando as mulheres mais autênticas, mais parceiras, mais interessantes, enquanto os outros seguem a ver navios e espalham pra geral que as mulheres de hoje em dia não querem nada com nada. Bobinhos. Eles nem desconfiam que para encontrá-las, basta tirar a venda e enxergar além do óbvio. Melhor pra gente.


(Eme e Jaque - Essa coluna foi escrita para o portal Área H - o portal para homens inteligentes)



Nenhum comentário:

Postar um comentário